
Veneno
Sabia que…
O veneno das abelhas tem um poderoso poder anti-inflamatório sendo aplicável no tratamento de mais 500 doenças, avança o jornal El Mundo. Segundo a pesquisa de uma investigadora espanhola, a apitoxina é 100 vezes mais eficaz do que a cortisona, sendo benéfica como terapêutica para problemas de ossos e do sistema respiratório.
O veneno de abelhas é um líquido transparente, com um odor de mel acentuado e sabor amargo, acre; a sua densidade é de 1,1313. Uma gota colocada sobre papel de tornassol azul torna-o imediatamente vermelho indicando assim uma reação ácida. A análise química mostrou que o veneno de abelha continha ácido fórmico, ácido clorídrico, ácido ortofosfórico, histamina, colina, triptófano, enxofre, etc. Supõe-se que deve as suas propriedades médicas essencialmente ao fosfato de magnésio Mg3 (PO)4)² cuja taxa representa 0,4% do peso do veneno seco. Nas suas cinzas notaram-se indícios de cobre e de cálcio. É, além disso, muito rico em substâncias azotadas, em gorduras voláteis, que desaparecem no decurso da sua dissecação, e contém muitas diástases: fosfolipase, hialuronidase, etc.
Segundo certos autores, é precisamente a presença destas gorduras voláteis que seria a causa da sensação de dor aguda provocada no local da picada.
A sua composição química ainda não foi estudada completamente e não se conseguiu igualmente fazer a sua síntese.
Segundo o professor G. F. Gause, o veneno de abelha seria a mais ativa substância antibiótica conhecida. “À terceira categoria de substâncias antibióticas escreve ele, pertencem os compostos à base de azoto e de enxofre, isto é, em primeiro lugar, os venenos de abelhas e de serpente… Uma substância bactericida, a gliotoxina, segregada pelos bolores do gênero Pliocladium, tem uma composição química análoga. 1/100 000 de mg em 1 ml de caldo de cultura entrava o desenvolvimento de certos micróbios gram-positivos. A gliotoxina, os venenos de abelha e de serpente fazem parte das substâncias antibióticas conhecidas mais ativas.”
Os biologistas soviéticos P. Komarov e A. Ernstein, A. Balandin, I. Koop e outros mostraram que uma solução aquosa do veneno de abelha, mesmo de 1:50 000 era rigorosamente estéril, enquanto as soluções de 1:500 000 e 1: 600 000 estimulavam o desenvolvimento de paramécias (organismos unicelulares). I. Koop nota muito justamente que o veneno de abelha deveria ser estudado no mesmo plano do que os antibióticos de origem criptogâmica ou bacteriana.
Modos de emprego do veneno da abelha...
No decurso destes últimos anos, o tratamento por APITERAPIA desenvolveu-se muito na União Soviética e noutros países.
Na Checoslováquia utiliza-se a “virapina”, na Alemanha, a “apizartron”. Contudo, segundo as investigações clínicas efetuadas na Romênia (Alexandre Parteniu), na China (Fan Tché-You), na U.R.S.S. (Ioirich e outros) e nos Estados Unidos (Beck Broadman, etc.), é ainda por veneno introduzido pelo Ferrão-seringa da abelha sob forma de picada subcutânea o que daria melhores resultados
Tratamento por picadas naturais de abelhas
Com a ajuda de pinças especiais aproxima-se a abelha da região a picar, a qual deve ser previamente limpa com água tépida e com sabão (não se aconselha álcool). Não se deve fazer uma nova picada no mesmo local senão ao fim de cinco dias. Após quatro dias da tumefação, sensação de dor e outras reações terem passado e o doente suportado bem o tratamento, a apiterapia poderá continuar. As regiões a picar são aquelas onde se dão habitualmente as injeções subcutâneas ( partes externas das espáduas e as ancas). O reservatório de veneno esvazia-se muito lentamente sob a ação dos gânglios contráteis. São necessárias várias horas. O veneno é rapidamente absorvido pelos tecidos envolventes e passa para o sangue. Por consequência, não se deverá extrair o ferrão senão quando todo o veneno tiver saído do reservatório. O fim dos movimentos de contração é aliás visível a olho nu.
Modo de emprego do veneno da abelha
no primeiro dia, o doente será picado por uma única abelha, no dia seguinte por duas, no terceiro por três e assim sucessivamente até ao décimo dia. Após esta primeira parte do tratamento. Tendo o doente recebido 55 picadas, será indispensável conceder-lhe um repouso de 3 a 4 dias, retornando-se o tratamento aplicando três abelhas por dia. No decurso desta segunda parte do tratamento ( duração de 45 dias ) o doente deve ter recebido o veneno de cerca de 140 a 150 abelhas ou seja, um total, para todo o período ( nas duas séries ), de 180 a 200 picadas. Se, após este tempo, nenhuma cura nem melhoras se obtiverem o tratamento deverá ser prolongado.
Há cerca de uns 20 anos propusemos e publicamos um método de APITERAPIA extremamente inofensivo para o doente e muito prático para ser utilizado tanto nos hospitais, clínicas, sanatórios, como em casa. Este método consiste em não repetir, quer as picadas de abelhas, quer a injeção de APITOXINA, senão de 5 em 5 dias. Com efeito, nos casos em que o veneno tenha provocado um edema, ou um ligeiro ponto doloroso, tudo isto terá desaparecido completamente ao fim do quarto dia e o doente surtir-se-á perfeitamente bem para se poder recomeçar o tratamento.
A experiência mostrou que era possível reduzir para metade a duração do tratamento, conservando o mesmo número de picadas, isto é, cerca de 200.
No primeiro dia o doente receberá 2 picadas de abelhas, no segundo 4 picadas, no terceiro 6 picadas, no quarto 8 picadas. Depois do quinto ao vigésimo-quarto dia será picado diariamente por 9 abelhas. Se o doente suportar mal estas doses elevadas de veneno, então se reduz para 5 picadas por dia. Por consequência, em 24 dias o doente terá recebido um total de 125 picadas, e o restante ( 75 picadas ) poderá ser-lhe administrado após uma curta pausa.
Notemos que, regra geral, nas pessoas em que a APITERAPIA não está contra indicada, a picada de abelha não ocasionam nem inchaço nem dor, e que podem suportar sem qualquer perigo 20 a 30 picadas simultâneas e por vezes até mais. Pelo contrário, após cura ou nítida melhoria seguida a um tratamento com veneno, acontece que uma mesma pessoa se torne muito sensível ao veneno e, depois de ter sido picada acidentalmente por uma ou duas abelhas, reaja do modo habitual (aparição local de edemas, de inflamação, de dor, etc.).
APITOXINA EM INJEÇÕES INTRADÉRMICAS: Este processo é muito mais prático do que as picadas naturais pelas abelhas, porque permite a injeção de doses variadas de APITOXINA segundo o estado e a reação do doente. Por outro lado, pode-se sempre ter de reserva uma preparação de apitoxina em qualquer estabelecimento médico (Hospital, Clínica, Dispensário). A injeção intradérmica (entre a epiderme e a derme) de solução de apitoxina provou ser o método mais simples e mais eficaz. com efeito, um quinto do nosso sangue encontra-se localizado na pele, de modo que uma vez o veneno inoculado na pele, espalhar-se-á imediatamente pela via sanguínea através de todo o organismo. Por injeções hipodérmicas introduz-se uma quantidade mais importante de apitoxina (até 1 ml); ao contrário, os efeitos curativos são mais limitados do que com a injeção intradérmicas. A injeção intradérmica efetuada com a ajuda de uma agulha especial munida de uma anilha permite doses de 0,1; 0,2 ou 0,3 ml.
A ionoterapia é largamente utilizada no tratamento das doenças internas e nervosas, em cirurgia, em ginecologia, etc. Este processo fundado sobre a dissociação eletrolítica constitui o melhor meio de introduzir um medicamento através da pele. As observações mostraram que a aplicação da APITOXINA por ionoforese apresentava um certo número de vantagens sobre as picadas de abelha. Com efeito, a introdução da APITOXINA por ionoforese não determina nenhuma dor, a não ser uma ligeira hipermia (avermelhamento) da zona da pele submetida a ionoforese. Este tratamento é efetuado geralmente nos serviços fisioterápicos dos hospitais e das policlínicas.
No XX Congresso Internacional Jubilar dos Apicultores realizado em Bucareste em 1965, os doutores Vl. Mladénov e V. Kazandjíeva fizeram uma comunicação a respeito à aplicação da APITERAPIA por ionoforese no Sanatório de balneoterapia de Custendile (Bulgária). Para 32 dos 108 doentes atingidos por afeções do sistema nervoso periférico, as dores agudas desapareceram, os funcionamentos do sistema nervosos tornou-se normal, e os doentes ficaram curados completamente; 64 deixaram o hospital com nítidas melhoras do seu estado de saúde e durante um a dois anos não se assinalou nenhum caso de recaída nos doentes. Para 12 doentes não se verificou nenhuma melhora e só num único se verificou idiossincrasia ao veneno de abelha. Este método de tratamento deu igualmente bons resultados no caso de artrites reumatismais e reumatoides, de artroses deformantes e de doenças arteriais.
Por consequência, a prática de apiterapia mostrou que o veneno de abelha bloqueia a condutibilidade dos retransmissores dos centros nervosos, diminui ou suprime totalmente as dores nevrálgicas e reumatismais, provoca a dilatação dos capilares sanguíneos e aumenta assim a irrigação sanguínea dos tecidos. Foi observado alem disso que a APITOXINA favorece a hematopoiese: em 70% dos casos o número das hematias passou de 50 000 para 500 000, em 65% dos casos a taxa de hemoglobina aumentou até 12%, diminuindo a taxa de colesterol no sangue. A solução de apitoxina (destinada a ionoforese) prepara-se assim: dissolver em 1 litro de água destilada de 0,04 a 0,05 de veneno de abelha bruto. Colocar em seguida sobre o local doloroso do corpo dois elétrodos munidos de pequenas almofadas hidrófilas de 150 a 250 cm² cada uma. As almofadas serão embebidas de água tépida e de solução de APITOXINA e juntas em seguida ao ânodo e ao cátodo, de modo que a apitoxina seja introduzida no organismo ao mesmo tempo pelos dois polos.
No 1º dia as almofadas serão umedecidas cada uma com 2 ml da solução de apitoxina, 3 ml no 2º dia , de 4 ml no 3º dia, de 5 ml no 4º dia, de 6 ml no 5º dia, de 7 ml no 6º dia, de 8 ml nos dias seguintes até o fim da cura. A intensidade da corrente deverá ser de 10 mA no 1º dia, 12 mA no 2º dia, 14 mA no 3º dia, 16 mA no 4º dia, 18 mA no 5º dia e 30 mA nos dias seguintes. Quanto à duração de cada sessão ela será de: 10 min. no 1º dia, 12 min. no 2º dia, 14 min. no 3º dia, 16 min. no 4º dia, 18 min. no 5º dia e enfim 20 min. nos dias seguintes. Sendo aplicado o tratamento diariamente, durante 15 a 20 dias, a quantidade total de soluçã9o de apitoxina introduzida variará de 200 a 250 ml.
Segundo as observações feitas ao longo dos séculos e as investigações destes últimos anos, é possível afirmar atualmente que o veneno de abelha tem uma ação seletiva sobre o sistema nervoso. A rainha Cleópatra, que se tinha interessado particularmente pela ação dos venenos, recolheu uma coleção das mais diversas substâncias venenosas. Ela procurava descobrir as que poderiam causar uma morte sem sofrimento e experimentava a sua ação nos condenados à morte. A experiência mostrou que só o veneno de vespa (o de abelha não podia ser utilizado, pois que estes insetos eram considerados sagrados) causava uma morte repentina e que causava menos sofrimento. O condenado a quem se injetava este veneno perdia os sentidos, a sua cara cobria-se de suores e rapidamente sobrevinha à morte. Se, como experiência, se tentasse forçosamente tirar o indivíduo envenenado do seu estado de coma, ele resistia como alguém que tivesse sido mergulhado num profundo sono.
Em 1954, os alemães W. Neumann e K. Habermann publicaram uma obra em que indicam que uma injeção de melitina (proteína extraída do veneno de abelha) determina uma baixa de tensão sanguínea, a hemólise (destruição dos glóbulos vermelhos), uma contração das fibras musculares estriadas e lisas suprime os efeitos retransmissores neuro-musculares e ganglionares. Por outro lado, segundo os mesmos autores, a hialuronidase (diástase extraída igualmente do veneno de abelha) aumenta a permeabilidade dos capilares sanguíneos. Ora, esta permeabilidade dos vasos é capital: quando ela diminui, devido a perturbações do funcionamento do sistema capital na sequência de envelhecimento ou estado mórbido do organismo, entre os órgãos e tecidos.
A imperceptível gotícula de veneno introduzida no nosso corpo durante uma picada de abelha é um remédio muito ativo. Pelo contrário, dezenas destas gotículas tornam-se já tóxicas para o nosso organismo, enquanto que uma dose de várias centenas é mortal.
A sensibilidade do organismo ao veneno de abelha varia segundo os indivíduos: os mais sensíveis são as mulheres, as crianças e as pessoas idosas. A experiência mostrou que 1 a 5 e mesmo 10 picadas de abelhas são muito bem suportadas por um indivíduo em bom estado de saúde e não provocam senão uma vermelhidão, ligeiro inchaço, sensação de queimadura, etc.; 200 a 300 picadas simultâneas determinam uma intoxicação de todo o organismo com perturbações características principalmente do sistema cardiovascular e do sistema nervoso (anelação, arroxeamento da pele, pulsação acelerada, convulsões, paralisia); se o seu número atinge 500 ou mais, sobrevém a morte, a maior parte das vezes causada por uma paralisia do centro nervoso respiratório. Entretanto, existem indivíduos hipersensíveis: uma única picada de abelha basta para provocar-lhes perturbações graves: enxaqueca aguda, aparição de urticária, vómitos e diarreia.
O organismo da maior parte dos indivíduos habitua-se bastante rapidamente às picadas de abelhas e reage a elas muito francamente ao até nada. As observações têm mostrado que as pessoas em contacto frequentes com as abelhas (apicultores) suportam sem perigo as suas picadas. Alguns apicultores trabalhando há muito tempo com as abelhas suportam sem nenhum sinal de intoxicação até 1000 picadas! Os dados provenientes dum grande número de colmeias repartidas através da U.R.S.S. indicam que 28,2% dos apicultores ficam imunizados contra o veneno das abelhas depois do 1º ano de trabalho no colmeal; 34,6% no decorrer do 2º ano; 10,5% no 3º ano e muito poucos (5,7%) não o ficam jamais. Em 4,2% dos apicultores a imunidade é natural