
Loque europeia
Larvas com Loque Europeia, apresentando riscas amarelas que aumentam e se tornam castanhas assim que o tecido larval é destruído. Esta aparência continua até à morte da larva.
Doença infecto-contagiosa que afeta a cria das abelhas com poucos dias, dois ou três. Caracteriza-se por produzir processos morbosos no intestino médio, ventrículo e provoca a morte de larvas antes de chegarem a ninfas.
Etiologia
A etiologia desta doença não é simples, pois apresenta vários microrganismos bacterianos que atuam independente ou conjuntamente, segundo as circunstâncias. Estes agentes são: Melissococus pluton, Melissococus alvei, Acromobacter euridyce, Streptococus faecalis, Bacillus laterosporus e Bacillus morpheus.
Não obstante, certos autores consideram três doenças distintas, dependendo do agente etiológico:
– Loque europeia, causada pelo Melissococus pluton.
– Loque benigna, produzida por Bacillus alvei, Bacillus laterosporus, Bacillus gracilesporus e Bacillus apidarium.
– Cria acre – cujo agente é o Streptococcus apis.
O verdadeiro agente causador da doença é o Melissococus pluton, pois é a primeira bactéria que se determina, enquanto os outros agentes são invasores secundários. Esta bactéria é resistente à acidez da geleia real (ph=3,4), na qual não se podem desenvolver outras bactérias. Quando a larva é maior e começa a alimentar-se com papas diferentes (que são normalmente menos ácidas), aparecem os invasores secundários.
O Melissococus pluton é um coco lanceolado, de 0,6x1mm de diâmetro, observado, pela primeira vez, em 1912, por White, com células de tamanho variado (um mícron ou algo mas largo), aparecem em cadeias ou formando pequenas colónias com distinta longitude. O teste bacteriológico é positivo. Não forma elementos de resistência (esporos). Fermenta a glucose e a frutose, sendo o resultado variável para a maltose e salicina. Não utiliza o citrato. Cresce em meios de cultivo básicos, necessitando da presença de lisina, cisteina, peptona ou extrato de levedura. Cresce melhor em condições de micro-aerofilia ou anaerobiose. Tem notável resistência disgenésicas: um ano para a dissecação, 20 horas em exposição direta aos raios solares e 25 dias para a putrefacção à temperatura ambiente.
Patoginia
A infeção da larva realiza-se por via oral, ao ingerir o alimento que é contaminado pelo agente causal, M. pluton, que, ao chegar ao mesointestino, instala-se na membrana peritrófica e reproduz-se rapidamente, acumulando-se na superfície de contacto com a luz intestinal e mais tarde invade o resto das estruturas da larva, provocando a morte e transformando-a numa massa de cor castanha amarelada, quando a célula se encontra aberta.
Devido à resistência de M. pluton à elevada acidez da geleia real, a sua ação é efetiva durante os dias iniciais da fase larval, unindo a baixa tensão de oxigénio existente no aparelho digestivo, nesses momentos. Esta elevada acidez parece exercer uma ação bactericida sobre B. alvei e S. apis, que não se reproduz nas larvas alimentadas com geleia real.
Sintomatologia
A sintomatologia é variável. As larvas perdem a sua cor branco leitoso e brilhante. Ficam amareladas e opacas, mostrando por transparência o sistema da traqueia. Ao serem levantadas com uma agulha de transferência, apresentam-se flácidas (nem viscosas, nem filamentosas). À medida que as larvas vão morrendo, estas são retiradas da célula vazia. Observam-se as larvas desenvolvidas ao lado dos ovos, apresentando o favo um mosaico de idades, como nomeadamente designado de cria salteada.
Em nenhum momento existe aderência dos restos larvais às paredes mortas da célula e a extracção simples é fácil, pelo que o favo sofre um golpe e as escamas caem. Quando a infeção é grave, as obreiras não conseguem retirar todas as larvas mortas e encontram estas nas células com uma cor escura, próxima do castanho, podendo sentir-se um odor putrefacto. As larvas morrem quando as células estão operculadas, apresentando uma cor semelhante à da Loque americana.
Ciclo de vida
As larvas jovens com menos de 2 dias são infetadas quando consomem o alimento contaminado com as bactérias. Estes esporos germinam rapidamente e multiplicam-se no intestino, levando à morte das larvas. As abelhas limpadoras que tentam remover os restos larvais, contaminam-se com microrganismos e passam-nos às nutrizes durante a troca do alimento. Estas últimas transferem as larvas durante a alimentação das mesmas. A morte das larvas pode acelerar-se pela ação das bactérias secundárias.
Difusão da Loque Europeia
A propagação destas bactérias realiza-se através das próprias abelhas (abelhas limpadoras e à procura de enxames que têm abelhas contaminadas), por meio de favos velhos que apresentam escamas, larvas contaminadas e pólen. Um dos fatores preponderantes ao trespasse a outras colmeias é a deriva e a multiplicação de colónias doentes.
O stress (ambientes húmidos e frios favorecem o desenvolvimento da doença), a presença de Nosema apis, a má alimentação, o mau manuseamento e desequilíbrios biológicos são alguns dos agentes que predispõem a doença.
A Loque europeia desaparece normalmente devido à capacidade de limpeza de algumas colmeias, ainda que o mais comum seja a persistência dos perigos, comprometendo a viabilidade da colónia. Programas tendentes a obter abelhas com maior comportamento de limpeza poderão diminuir fortemente a presença de Loque europeia.
Os núcleos podem ser mais suscetíveis a padecer da doença que as colónias fortes, por esse motivo deve tratar-se de multiplicar sempre as colónias saudáveis, ainda que as rainhas com as quais se encabeça o núcleo sejam resistentes. Núcleos feitos de colónias doentes podem chegar a morrer antes que a nova rainha expresse o seu genótipo.
Controlo
Não existe profilaxia médica para a Loque europeia. Não são aconselháveis tratamentos preventivos, e só depois de diagnosticada a doença se deve tratar todas as colónias, sem exceção. A introdução de enxames adquiridos fora da exploração devem passar por quarentena e serão revistados para evitar a incidência da doença. Uma colónia mal alimentada é muito propensa a contrair a Loque europeia. Não serão utilizados alimentos de origem desconhecida.
Para o manuseamento devemos ter presente que é muito prejudicial realizar a abertura das colmeias em tempo frio ou chuvoso. O resfriamento da população larval traz consigo a morte desta e a predisposição para contrair a doença. É necessário praticar a desinfeção de forma sistemática de todo o material de exploração, através de procedimentos que estarão em função da natureza do material a desinfetar. Se a doença está muito desenvolvida (ocupa grande parte da cria), o mais aconselhável é a destruição da colónia, podendo utilizar o material logo após uma boa desinfeção.
Para o combate desta doença, recomenda-se:
– Não comprar ou usar rainhas de origem duvidosa, podem estar doentes ou velhas.
– Usar rainhas jovens e de boa procedência.
– Não utilizar favos velhos nem material duvidoso.
– Ter água limpa disponível para as abelhas.
– Realizar uma boa invernada.
E importante ter um bom equilíbrio entre nutrizes e obreiras e uma boa alimentação. O Outono e a Primavera são as épocas mais propícias para o desenvolvimento da doença. Se as colónias não minguarem fortemente as suas populações, durante o crescimento primaveril, antes de recorrer ao controlo químico, é aconselhável incentivar as colónias com xarope de açúcar, esta prática pode solucionar o problema e aumentar a área de cria.
Agente causador
É uma bactéria designada Melissococus pluton.
Sintomas
– Cria salteada.
– Cria aberta, poucos opérculos fundidos e rotos.
– Odor putrefacto.
– Larvas enroscadas sobre o fundo da célula ou retorcidas sobre as paredes laterais, com irregularidade.
– Larvas mortas moles e aquosas, ocasionalmente pegajosas, não com menos de 2,5 cm.
– Escamas enroscadas sobre o fundo da célula em forma irregular, moles, de fácil extração.
Contágio
– Dentro da colónia: abelhas limpadoras, nutrizes, mel, pólen, larvas de traças.
– Entre colónias: pilhagem, deriva, alimentação artificial com mel, manipulação, transumância, núcleos.
Controlo
– Não usar tratamentos preventivos
– Colmeias muito afetadas: Incineração.
Loque Americana
A princípio:
As larvas doentes ficam ligeiramente amareladas. À medida que a decomposição avança tornam-se cor de café e alongando-se no comprimento da célula. Quando se mexe com um palito a massa viscosa pode formar um fio de até 30mm. Existe um cheiro a putrefação.
Estados avançados:
O aspeto da criação parece um pimenteiro. Quando secam as larvas afetadas ficam castanho escuro e formam uma escama junto à parede inferior da célula. Um boa iluminação é fundamental para observar as alterações. Os selos de cera quando presentes estão perfurados ou afundados com uma aparência ensopada.
Loque Europeia
A princípio:
As larvas afetadas ficam amareladas e as traqueias ficam visíveis nas células abertas. Jovens larvas não seladas (3 a 5 dias) em forma de “C” à volta das paredes da célula.
Estados avançados:
O aspecto da criação parece um pimenteiro. As larvas mortas são encontradas por detrás da cera concava e perfurada das células. A massa viscosa dentro da célula é menos pegajosa que na loque americana. Por vezes pode também apresentar um cheiro a putrefação.
A Loque Americana e a Loque Europeia não são iguais, mas podem por vezes gerar confusão, assim como outras doenças que afetam a criação das abelhas.
As larvas contaminadas com Loque europeia não se apresentam brancas, possuem uma cor castanha escura e encontram-se alternadas em diferentes posições na cela.