
Aethinose
O pequeno coleóptero das colmeias, Aethina tumida (Murray), é em tamanho natural um pouco maior que a cabeça de uma abelha (5 a 7mm de comprimento e de 3 a 4,5mm de largura). Portanto é muito menor do que qualquer besouro.
O Aethina tumida , também conhecido como “pequeno escaravelho da colmeia”, pertence ao filo Artrópoda, à classe Inseta, à ordem Coleóptera, à família Nitidulidae, ao género Aethina e à espécie Aethina tumida. Trata-se de um parasita que realiza parte do seu ciclo biológico na colmeia. Os escaravelhos reproduzem-se no Verão e podem viver cerca de seis meses.
O adulto é de cor castanho-escuro ou preto; desloca-se rapidamente entre os restos que se depositam no fundo da colmeia, entre os quadros e sobre as ceras que são pouco visitadas pelas abelhas; foge da luz e desaparece rapidamente da nossa vista em alguns instantes. As suas larvas distinguem-se claramente das larvas da falsa traça e são de um tamanho inferior ao do verme da falsa traça, possuindo uma consistência mais firme e mais resistente.
Apresentam três pares de patas na sua extremidade anterior (ao passo que as da falsa traça são dispostos ao longo do corpo). Não são capazes de produzir teia quando se alimentam e portanto não formam casulos. É possível vê-los frequentemente flutuarem sobre os alvéolos com mel sem risco de se afogar, graças a algumas sedas e protuberâncias presentes sobre a superfície dos seus corpos.
Distribuição geográfica:
Este parasita, originário da África do Sul, foi descrito pela primeira vez em 1867, por Murray e descrito como parasita da abelha Apis mellifera carpensis, em 1940, por Lundie (África do Sul). Rapidamente se espalhou para outros continentes. Nos Estados Unidos foi detetado pela primeira vez em 1998, na Florida, e atualmente ocupa a metade leste do país. Em 2002, foi identificado no continente australiano. A Nova Zelândia também já contou com a presença do coleóptero devastador da postura das abelhas. Segundo informação não confirmada, a entrada no continente americano ter-se-ia dado pelo transporte de um enxame de abelhas num navio oriundo da África do Sul que teria ancorado no porto de Charleston (Costa Leste dos EUA) sem que tenha havido qualquer tipo de controlo sanitário.
Em Portugal, em 2005, a apicultura portuguesa tomou conhecimento da aparição de Aethina túmida no país. Por via da importação de rainhas dos Estados Unidos da América, chegou a Portugal o pequeno escaravelho da colmeia Aethina túmida, tendo os Serviços Oficiais já tomado conta da ocorrência.
A rapidez com que o coleóptero se espalha deve-se à grande facilidade em se adaptar e à capacidade de sobreviver em ambientes diferentes das colmeias, pois pode completar o seu ciclo sem necessidade da presença de abelhas.
A fêmea do coleóptero deposita seus ovos de cor branca madrepérola junto com os da abelha, aglomerados de modo irregular, em pequenas frestas e nos espaços livres, entre as extremidades do quadro de madeira e o favo de cera. A capacidade de postura ainda é desconhecida com exatidão, mas considera-se que 2 ou 3 fêmeas adultas são capazes de provocar um nível de infestação suficiente para pôr em perigo a viabilidade da colónia.
Após um curto período de encubação (3 a 6 dias), nascem pequenas larvas que continuam o seu desenvolvimento alimentando-se de mel e pólen.
Uma vez atingido o grau de maturidade suficiente, as larvas saem da colmeia e enterram-se, onde completam a sua formação. Se as características do solo são favoráveis (terrenos arenosos e húmidos) as pupas preferem ficar nas proximidades das entradas das colmeias (a maioria encontra-se a menos de um metro de distância) e a uma pequena profundidade (10 a 30 cm).
O tempo necessário para as pupas se formarem vai de 15 a 60 dias dependendo das condições climáticas; o ciclo é mais curto quando a temperatura é mais suave. Em condições ideais de temperatura e humidade, o ciclo do desenvolvimento dura de 3 a 4 semanas.
Quando o adulto sai do solo é muito rápido e pronto a voar, orientando-se pela luz. Após alguns dias, dirige-se para uma colmeia, atraído pelo odor típico da colónia (cheiro de mel, da cera, das abelhas…).
Uma vez na colmeia os machos e as fêmeas copulam e a postura da fêmea começa mais ou menos em uma semana.
Constatou-se que em condições exteriores desfavoráveis, o coleóptero é capaz de completar o seu ciclo de vida com a ausência de abelhas. O desenvolvimento larval continua a utilizar outras fontes alimentares, principalmente frutos em decomposição e restos de materiais apícolas.
Consequências:
O pequeno coleóptero das colmeias aparece principalmente em colónias fracas, que apresentam, por esse motivo, numerosos favos pouco ocupados pelas abelhas. Entretanto, pode às vezes aparecer em colónias mais fortes com uma boa população de abelhas.
Para esse coleóptero, como no caso das traças, os desgastes mais graves são causados pelas larvas. Essas últimas alimentam-se de todas as componentes da colmeia: do mel, do pólen, de crias como também dos cadáveres de abelhas.
Os excrementos e secreções que a larva deposita sobre a cera quando se alimenta contém uma substância que dá origem à fermentação do mel. Este último decompõe-se então numa massa viscosa, que transborda dos alvéolos com um cheiro característico de laranja podre.
Esta fermentação pode também produzir-se nos favos de mel recolhidos e armazenados na sala de extração, desde que o período de armazenagem exceda 3 dias. Pode também produzir-se nos recipientes que contenham mel, já que as larvas são capazes de sobreviver nos líquidos. As ceras afetadas não são mais aceitas pelas abelhas e devem ser bem limpas se o apicultor desejar reaproveitá-las.
No caso do mel:
a) Não armazenar quadros por mais de 3 dias, sobretudo contendo pólen ou crias;
b) eliminar todos os restos de mel e ceras de opérculos presentes nos recipientes;
c) não guardar por muito tempo as ceras não derretidas, mesmo dos opérculos;
d) não estocar favos ou colmeias no interior das instalações porque podem conter o coleóptero.
Para todas as etapas: Manter condições de limpeza e higiene adequadas, evitando armazenagem de detritos provenientes da colmeia.
Diagnóstico:
Como no caso de qualquer doença, a realização de um diagnóstico precoce é indispensável para dominar a infestação.
No caso do pequeno coleóptero das colmeias, a precocidade deste diagnóstico seria muito importante mesmo que a sua presença ainda não esteja confirmada. De modo geral, este coleóptero prefere regiões quentes com temperatura suaves.
Para completar o seu ciclo, ele precisa deixar a colmeia e enterrar-se no solo. Prefere terrenos arenosos, com certo grau de humidade que lhe permite cavar pequenos túneis ou galerias onde se formará a pupa.
Acontece encontra-lo em colmeias fortes, mas é mais frequente em colmeias fracas providas de quadros contendo mel e pólen que servem para alimenta-lo. No caso extremo de ausência de comida, ele ataca os ovos e as larvas de abelhas para assegurar sua subsistência.
Quando a parasitose é fraca, é difícil detetar a presença dos indivíduos adultos sobre os favos. Entretanto, em função das características próprias da colmeia é preciso orientar as buscas nos fundos e nos locais onde há menos luz e onde se acumulam detritos que as abelhas não conseguem retirar.
Quando se faz uma inspeção de rotina nos quadros é possível confundir as larvas do coleóptero com as da traça, o que aumenta o risco de não detetar o começo da evolução.
Recomendações:
A melhor medida de prevenção contra a aparição da maior parte das doenças repousa sobre um bom cuidado da parte do apicultor.
No caso do pequeno coleóptero há outras medidas que o apicultor deverá tomar no próximo porvir para combater esta doença na sua exploração, tais como:
No apiário:
a) possuir colmeias fortes com favos cobertos de abelhas; evita-se assim que os quadros fiquem desocupados e abandonados nas extremidades laterais da colmeia;
b) utilizar colmeias que permitam limpeza dos fundos, evitando assim uma acumulação de detritos;
c) nunca deixar quadros ou restos de favos abandonados no apiário, porque o seu cheiro atrai os coleópteros das colmeias;
d) evitar trocar quadros entre as colmeias atingidas com as sãs;
e) Inspecionar periodicamente as suas colmeias e, prestar atenção especial no caso em que se constatar sintomas parecidos aos da traça.
No caso do mel:
a) não estocar quadros por mais de 3 dias, sobretudo contendo pólen ou crias;
b) eliminar todos os restos de mel e ceras de opérculos presentes nos recipientes;
c) não guardar por muito tempo as ceras não derretidas, mesmo dos opérculos;
d) não estocar favos ou colmeias no interior das instalações porque podem conter o coleóptero.
Para todas as etapas: Manter condições de limpeza e higiene adequadas,evitando estocagem de detritos provenientes da colmeia.